sexta-feira, 27 de maio de 2011

O admirável burro Benjamin

O burro Benjamin e a História da humanidade

Um dos livros que me impressionou na vida foi A Revolução dos Bichos de George Orwell, escrito na década de 30. Os animais da Granja dos Bichos, do Senhor Jones, se revoltaram e por meio de uma revolução expulsaram o dono instalando um governo só dos bichos. Sempre gostei de entender o que leio. Se eu não souber interpretar um texto que leio, para mim não terá valor nenhum e serei como um analfabeto. Até há um conceito atual que diz que quem é considerado alfabetizado não é apenas quem lê, mas aquele que sabe interpretar o que lê. A Revolução dos Bichos foi escrita para satirizar o regime bolchevista comunista russo instalado em 1917 onde se prometia igualdade a todos os que estivessem sob aquele regime. Só que, em seguida, se provou uma total e absurda falácia, pois onde homens governam homens jamais haverá igualdade ou socialismo altruísta. A História humana comprova isso há seis milênios desde o tempo dos antigos faraós até hoje. Qualquer regime, seja ele monárquico, imperialista, totalitário ou democrático, há sempre os que tiram vantagens como chefes. A Revolução dos bichos que pretendia promover “igualdade” entre os animais da Granja foi semelhante a qualquer regime humano, isto é, cheio de grandes privilégios para os comandantes sendo que só as migalhas que sobrassem das mesas deles ficariam para os comandados. Na Granja dos Bichos os animais acreditaram nas promessas da Constituição dos animais em sete Mandamentos: “Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo; Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo; Nenhum animal usará roupas; Nenhum animal dormirá em cama; Nenhum animal beberá álcool; Nenhum animal matará outro animal; Todos os animais são iguais”. Ora, logo apareceram os privilegiados e que eram todos os comandantes do regime. A casta dos porcos que promoveu a revolução se instalou como chefe de tudo e todos. Só os suínos receberam privilégios na Granja porque porco só gostava de porco – modernamente é como situação e oposição. Aos poucos, todos os outros animais que não eram suínos passaram privações, fome, dor e desespero, enquanto que os porcos tinham de tudo e eram a lei. Napoleão, o cachaço mor, mandava em tudo com o chicote e se promovia por um forte esquema de propaganda liderado por seu esperto porco de nome Garganta que fazia valer o poder dos suínos. Os porcos mudaram os sete mandamentos. Os suínos tornaram-se amigos dos de “duas pernas” ou homens donos de outras granjas. Se alguém de quatro pernas ou de asas na Granja não obedecesse cegamente aos porcos era morto. Os suínos passaram a usar roupa igual aos homens. Os porcos queriam dormir em camas e, para isso, mudaram a lei para: Nenhum animal dormirá em camas “com lençóis”. Os suínos queriam beber álcool e mudaram para: Nenhum animal beberá álcool “em excesso”. Os porcos queriam matar animais e mudaram para: Nenhum animal matará outro animal “sem motivo”. A máxima corrupção da lei foi: “Todos os animais são iguais, MAS ALGUNS ANIMAIS SÃO MAIS IGUAIS QUE OUTROS” - para que os porcos pudessem ter privilégios e os outros bichos não. Mas por que destaquei o burro Benjamin como título do texto? Porque o burro foi o único animal da Granja que desde o começo até o fim da Revolução dos Bichos não acreditou nas promessas de mudanças e em nada. O burro permaneceu neutro, apolítico. O burro sabia que a única coisa que muda para melhor é a vida dos que comandam qualquer regime político no planeta; para os comandados nada muda; é sempre marmita – e se houver. Isso é História antiga e moderna, não muda.

(Este autor é apolítico – email nillo.gallindo@bol.com.br)

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